terça-feira, 27 de outubro de 2020

Por que alguns veículos são deixados de lado na hora da compra?

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O mercado brasileiro de zero-quilômetros tem, hoje, 970 modelos de automóveis e comerciais leves oferecidos por 42 diferentes marcas. Ainda assim, mesmo diante de tanta diversidade, boa parte das vendas está concentrada em três ou quatro montadoras e alguns veículos específicos.

Para se ter ideia, Fiat, Volkswagen e General Motors responderam por quase 53% das vendas internas de automóveis e comerciais leves no mês passado, de acordo com as planilhas da Fenabrave, que reúne as associações de concessionárias do País.

Mesmo dotados de bons atributos, modelos como o Nissan Versa, por exemplo (que chega renovado ao País nesta semana) e os asiáticos Kia Cerato e Hyundai New Azera, caem no ostracismo. Muitas vezes, isso acontece por questão de fidelidade à outras marcas. Nestes casos específicos, respectivamente, General Motors (Onix Plus) e Toyota (Corolla) figuram no topo da preferência.

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Opinião do especialista em veículos

Embora ainda haja conservadorismo por parte da clientela brasileira, atualmente, há quem troque a fidelidade à determinadas marcas pela lucratividade e comodidade de pós-vendas. “O consumidor pesa (na hora da compra) custo-benefício, pós-vendas, garantia, suporte e bom valor de revenda”, afirma o consultor da ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa.

Para ele, a pandemia ajudou o consumidor a procurar entender mais sobre o desejado automóvel antes de decidir a compra. “Ele sabe o que tem garantia, o que não tem. Tem carro que desvaloriza mais de 25% só em cruzar a porta da revenda. E, isso, hoje, é um fato conhecido pelo consumidor”, pondera Garbossa.

Uma das dúvidas do comprador no momento de escolher o carro novo é a disponibilidade de peças de modelos importados. Por exemplo, sabendo que qualquer veículo está sujeito à quebras e colisões, o cliente sempre vai preferir as marcas tradicionais, que têm anos de atuação e, consequentemente, suporte de pós-vendas.

Talvez por isso, algumas marcas são tão esquecidas por aqui. Na Subaru, inclusive, mesmo a longa história nas pistas de rali mundo afora não são suficientes para convencer o consumidor. Afinal, o brasileiro não tem por hábito levar para a garagem de casa modelos pouco difundidos. “O mercado faz a cabeça do consumidor”, salienta o especialista. Basta, por exemplo, olhar a mesmice das cores de carros utilizadas por aqui.

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Embora tenha desembarcado no Brasil sem o motor turbo oferecido na Europa, o Peugeot 208 (lançado no mês passado) é uma boa opção na categoria de hatches. Ainda assim, o consumidor prefere optar massivamente pelo Chevrolet Onix. Além de anos de tradição, a GM é uma marca consolidada no País há quase 100 anos. Tendo isso em vista, o brasileiro prefere não arriscar seu dinheiro em um modelo cuja montadora tem má fama desde a chegada ao País. “É esse tipo de situação que faz o consumidor ter medo de sair do óbvio”, completa Garbossa.

Reversão de valores

Tendo em vista que o que pesa, de fato, é passar segurança ao consumidor, a Caoa Chery deu uma tacada de mestre. Depois de comprada pelo mesmo grupo que controla as vendas de modelos importados da Hyundai no Brasil (Caoa), a chinesa já é a 11ª marca mais vendida no País. “Isso é mérito da confiança e do suporte da sul-coreana”, explica Garbossa.

Quebrando paradigmas, seus modelos também se tornaram objeto de desejo pelo design diferenciado e, principalmente, pela lista recheada de equipamentos. O Tiggo 8, por exemplo, teve sucesso tão grande de pedidos que a marca precisou aumentar sua produção. O Tiggo 5X é outro que vem caminhando a passos largos. É o 14º modelo mais vendido do segmento de SUVs no acumulado do ano, com 5.970 unidades até setembro.

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Por outro lado, mesmo com boas opções no portfólio (que, aliás, dividem componentes com a prima Hyundai) a também sul-coreana Kia não vende quase nada. No concorrido segmento de sedãs médios – em que o Corolla domina as vendas – a montadora conta com o Cerato, que não vendeu nem 700 unidades ao longo do ano. Isso porque o modelo tem promoção com bônus de entrada e taxa zero.

Para comparação, no mesmo período, o três-volumes da Toyota já encosta nas 27 mil unidades. O japonês tem 46% do segmento. Honda Civic e Chevrolet Cruze completam o pódio, com respectivamente, 22% e 13% da categoria. Ou seja, apenas três modelos representam mais de 80% das vendas de sedãs médios no Brasil. Em comum entre os três? A história de sucesso. Afinal, o segredo é mudar a cabeça do consumidor, pois só assim se conquista a confiança e, consequentemente, aumentam-se as vendas.

Confira (abaixo) a lista com dez boas opções de modelos que ficaram longe do topo do pódio de mais vendidos de setembro em suas categorias:

Nissan V-Drive – 556 unidades/mês 

Renault Oroch – 535 unidades/mês 

Peugeot 2008 – 523 unidades/mês 

Peugeot 208 – 412 unidades/mês

Troller T4 – 198 unidades/mês 

Kia Sportage – 149 unidades/mês 

Caoa Chery Arrizo 5 – 109 unidades/mês 

Mitsubishi ASX – 65 unidades/mês 

Jaguar F-Type – 2 unidades/mês 

Audi A4 Avant – 0 unidades/mês

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