Expectativas podem criar problemas: quando elas não são atendidas, o resultado é a frustração. Isso acontece inclusive com os carros, cujos lançamentos são antecedidos por aparições midiáticas e campanhas publicitárias. Às vezes, porém, determinadas características que são esperadas acabam não chegando ao mercado.
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O listão de hoje é sobre esses modelos: o AutoPapo enumerou 10 carros que não atenderam às expectativas geradas antes de seus lançamentos. Em alguns casos, faltou qualidades ao produto. Em outros, nem é o caso de dizer que o veículo é ruim: ele só não correspondeu ao que se esperava dele. Confira o listão!
1. Chevrolet Agile
Apresentado tanto à imprensa quanto ao público como símbolo da reestruturação da empresa, o hatch era, na realidade, um compilado de velhas tecnologias. Construído sobre a plataforma 4.200 (a mesma do Celta), o Agile tinha uma estrutura mais antiga que a o do próprio antecessor: o Corsa de segunda geração, que já utilizava a base Gamma.
Para completar, o design também não agradou. Com tantas limitações, o hatch não conseguiu se destacar no mercado e foi ofuscado não só pelos concorrentes, mas também pelo “irmão” Onix, que já utilizava a plataforma Gamma II e oferecia equipamentos como central multimídia e câmbio automático. A trajetória do Agile no Brasil chegou ao fim em 2014, menos de cinco anos após o lançamento.
2. Fiat Linea
Na época do lançamento, em 2008, o Linea foi apresentado como terceiro de uma linha sucessiva de sedãs, iniciada pelo Tempra e perpetuada pelo Marea. Na prática, porém, era uma derivação do Punto, um hatch compacto, enquanto os antecessores eram autênticos médios.
Para dar ao Linea maior espaço traseiro, a Fiat aumentou a distância entre-eixos em 9 cm. O acabamento também era mais caprichado que no hatch. Mas o modelo não conseguia esconder totalmente as origens: o habitáculo era estreito diante dos sedãs médios. Além do mais, enquanto os concorrentes dispunham de câmbio automático, a Fiat oferecia o (extinto) automatizado Dualogic.
Não há problema algum em criar um sedã com base em um hatch compacto. Essa prática, aliás, é comum para a indústria automobilística. A falha da Fiat foi tentar vender o Linea com preço de modelo médio. O fabricante até tentou reposicioná-lo, mas era tarde demais. O modelo saiu de linha em 2016 e entrou para a história como um dos lançamentos de carros mais pretenciosos da marca italiana no Brasil.
3. Hyundai Veloster
Com design invocado e uma incomum carroceria de três portas, o Veloster chamou muita atenção quando chegou ao país, em 2011. Havia só um problema: o desempenho era bem inferior ao que a aparência insinuava. É que, embaixo do capô, havia um modesto motor 1.6, o mesmo que equipa a linha HB20.
Para piorar ainda mais, a Hyundai anunciava que a potência do Veloster era de 140 cv. O “detalhe” é que esse número dizia respeito às versões equipadas com injeção direta, vendidas no exterior. Porém, elas não vieram para o Brasil: todos os lotes trazidos pela importadora eram compostos unicamente por veículos com a tradicional injeção indireta. Nesse caso, a potência era de 128 cv.
Caro e arrojado em design, mas com desempenho digno de modelo compacto, o modelo logo virou tema de piada. Quando o efeito da novidade passou, as vendas minguaram. Consequentemente, as importações foram suspensas já em 2013. Desde então, a Hyundai protagonizou diversos lançamentos no país, mas o Veloster nunca mais voltou à gama de carros da marca.
4. Renault Kwid
O problema não é o automóvel propriamente dito, e sim a expectativa que a Renault criou antes de apresentá-lo. Afinal, o Kwid foi tema de um dos lançamentos de carros mais propagandeados dos últimos tempos: no material publicitário, a empresa o anunciava como “o SUV dos compactos”. Na verdade, o modelo não é nem SUV, nem compacto, e sim um um subcompacto de entrada.
Já avaliamos o Renault Kwid Outsider: assista ao vídeo!
Essa constatação não tardou a ser feita pelos consumidores. Algumas pessoas que reservaram o Kwid durante a fase de pré-venda simplesmente desistiram do negócio ao vê-lo pessoalmente. A Renault, por sua vez, alegava que o modelo se enquadrava como SUV na classificação do Inmetro, que leva em consideração apenas a altura do solo e os ângulos de entrada e de saída.
Vale destacar que, tendo em vista a proposta de veículo econômico e acessível, o Kwid é, sim, interessante. Tanto que a aceitação foi boa e o hatch tem conseguido obter bons números de venda. Mas, daí a chamá-lo de SUV, ou até mesmo de compacto, há uma distância bem grande… Não por acaso, a Renault deixou de utilizar tal slogan para o modelo.
5. Peugeot 207
A Peugeot adotou uma polêmica e desastrada estratégia comercial quando lançou o 207 nacional, em 2008. Em vez de fabricar o similar europeu, que era um projeto inteiramente novo, a empresa optou por reestilizar o 206 e rebatizá-lo com o nome do sucessor. Assim, o hatch ganhou uma nova frente e um painel atualizado, mas manteve a carroceria e a mecânica já utilizadas.
A prática de fazer alterações estilísticas em um projeto já existente é corriqueira entre os fabricantes de veículos. O pênalti da Peugeot foi querer convencer o mercado que um produto inteiramente novo havia surgido a partir dessas modificações. Em outras palavras, o fabricante vendeu gato por lebre.
O resultado, entretanto, acabou sendo ruim para a própria Peugeot, uma vez que o 207 teve vendas bastante fracas. O hatch recauchutado logo foi ofuscado por vários lançamentos da concorrência, em uma época na qual o mercado de carros estava em franco crescimento. Anos depois, a marca francesa o substituiu pelo 208: este, sim, um projeto novo, que acaba de chegar à segunda geração.
6. Volkswagen Apollo
Entre 1987, Ford e Volkswagen trabalharam juntas no Brasil e em outros países da América do Sul, em uma associação batizada de Autolatina. A ideia de ambas era compartilhar motores e plataformas, de modo a reduzir custos. O primeiro dos carros ditos novos resultantes dessa união foi o Apollo, protagonista de um dos lançamentos mais esperados do ano de 1990.
O caso é que o Apollo estava longe de ser um carro realmente novo. Ele não passava de um clone do Verona, que por sua vez era uma derivação do Escort. A Volkswagen dizia que o modelo era mais esportivo devido ao câmbio com relações de marchas um pouco mais curtas, para proporcionar maior agilidade em retomadas de velocidade. Por outro lado, essa solução trazia prejuízos ao consumo e ao nível de ruído.
A dita esportividade, porém, acabava por aí, uma vez que o motor, um 1.8 de origem Volkswagen, era exatamente igual nos dois veículos (embora o similar da Ford pudesse ser equipado também com um 1.6 na versão de entrada LX). Para piorar, o preço era cerca de 20% mais alto que o do Verona. Não poderia ter sido diferente: após vender apenas cerca de 53 mil unidades, o Apollo saiu de linha precocemente em 1992.
7. Ford Royale
Outro dos carros criados pela Autolatina que não corresponderam às expectativas dos lançamentos foi a Royale. A perua era uma repaginação feita pela Ford a partir da Quantum, exatamente como acontecia com o Versailles em relação ao Santana.
Não que faltassem atributos técnicos à linha Versailles. Pelo contrário: o sedã e a perua tinham bom acabamento e desempenho bastante interessante para os padrões de 1991, quando chegaram ao mercado. O caso é que faltava personalidade a ambos: vários consumidores fiéis à Ford não se identificavam com produtos tão diferente dos demais oferecidos até então pela empresa.
O caso da Royale era particularmente mais dramático, pois, para diferenciá-la da Quantum, a Autolatina optou por oferecê-la com apenas duas portas. Naquela época, a demanda por carros quatro portas estava em franca ascensão, principalmente em modelos com proposta familiar. Somente em 1995 a perua, enfim, adotou as portas adicionais. Era tarde demais: no ano seguinte, a produção de toda a Versailles chegava ao fim.
8. Mitsubishi Outlander Sport
No último mês de julho, a Mitsubishi apresentou um dito produto inédito: o Outlander Sport. Porém, o modelo não é exatamente novo: trata-se do velho modelo ASX, apenas atualizado com os atuais elementos de estilo do fabricante. A dianteira ganhou faróis afilados, grade com três lâminas e elementos em formato de bumerangue ao redor dos faróis de neblina. Tudo com muito cromado.
Basta, entretanto, olhar as laterais para constatar que a carroceria é exatamente a mesma do ASX. A traseira também é quase igual, exceto pelo para-choque e pelas lanternas. E, no interior, os dois modelos exibem exatamente o mesmo painel. Assim como a Peugeot fez com o 207, a Mitsubishi atualizou um projeto com nada menos que 13 anos (o lançamento global ocorreu em 2007) e passou a comercializá-lo como veículo inédito.
E por que, então, o Grupo Souza Ramos, que representa a Mitsubishi no Brasil, não o apresentou como uma evolução do modelo anterior, tal qual ele é? Simplesmente porque o ASX segue em produção, ocupando uma faixa de mercado inferior. Assim, o mesmo projeto deu origem a dois produtos. Assim, em 2020, todos os lançamentos da marca japonesa em 2020 resumiram-se a atualizações de carros já existentes.
9. Chery Celer
Pouco mais de uma década atrás, o mercado nacional começou a receber os carros chineses. Quase todos, porém, chegavam ao país via importação. A Chery foi a primeira a dar um passo à frente: construiu uma fábrica própria em Jacareí (SP) e, assim, o Celer tornou-se o primeiro automóvel sino-brasileiro.
A Chery queria alcançar grande volumes de vendas e concorrer em pé de igualdade com as concorrentes instaladas no país décadas antes. Mas nada saiu como o esperado. Em parte, porque o fabricante apostou em veículos compactos, como o Celer e o QQ, enquanto o segmento que mais cresceu foi o de SUVs. Mas houve ainda uma crise financeira logo depois da inauguração da planta, em 2015.
Após seguidos prejuízos, as operações locais da Chery, incluindo a fábrica, foram repassadas, em 2017, ao Grupo Caoa. De lá para cá, a nova empresa realizou lançamentos de diversos carros. Já o Celer, que deveria ter sido um marco para a indústria chinesa no Brasil, saiu de linha precocemente em 2018. Entretanto, seu projeto sobrevive, rebatizado de Tiggo 2: além do novo nome, recebeu suspensão elevada e frente, traseira e painel reestilizados.
10. Kia Rio
A chegada do Rio ao país bem que poderia virar tema de novela. O modelo era prometido para o mercado nacional há cerca de 10 anos: o Grupo Gandini, que representa a Kia no Brasil, confirmou a chegada dele em diferentes ocasiões ao longo desse período. No último mês de janeiro, o modelo finalmente desembarcou no país.
Não é o caso de dizer que o Rio seja, em si, decepcionante. O AutoPapo já teve contato com ele e gostou da dirigibilidade e do padrão de construção. Mas essas qualidades não parecem justificar os preços, que começam em R$ 69.990 e vão até R$ 79.990. Para piorar, o hatch sequer tem motor turbo: sob o capô, está o conhecido 1.6 utilizado em outros veículos da Kia.
O Grupo Gandini atribui os preços à alta do Dólar, que impacta diretamente sobre os produtos importados. Independentemente disso, não dá para dizer que a espera por um dos lançamentos de carros mais demorados da história valeu a pena. Sem preços competitivos, o Rio ainda está bem distante de conseguir dar à Kia maior participação no mercado.
Fotos: Divulgação
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