segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Ministério Público quer recall de 1,3 milhão de Onix feitos desde 2012

ONIX

Carro mais vendido do Brasil desde 2015, o Chevrolet Onix é alvo de um recall que pode envolver todas as unidades do modelo emplacadas desde o fim de 2012. O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MP/MG) entraram com ação civil pública contra a GM. O Denatran e a União, estão exigindo reparo dos modelos por possíveis falhas de segurança.

A ação tem como referência o teste de colisão promovido em maio de 2017 pelo Latin NCAP. O órgão afere a segurança dos carros na região da América Latina. Na ocasião, o Chevrolet Onix zerou o crash-test, ficando sem nenhuma dentre cinco estrelas possíveis. A nota zero acabou pegando mal para a marca da gravata dourada, que pouco tempo depois reforçou o chassi do modelo.



Em janeiro de 2018, o Latin NCAP submeteu novamente o Onix (e o sedã Prisma) ao crash-test. Com chassi reforçado eles foram aprovados com três estrelas para adultos e crianças. O mesmo aconteceu com o Ford Ka atual produzido em Camaçari (BA). que foi reprovado em outubro de 2017. Um ano depois, já com reforços, conquistou três estrelas de segurança.

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Porta traseira pode se abrir em colisão

Essa queda de braço entre MPF, MP/MG e General Motors está apenas no começo. Do ponto de vista jurídico, a GM afirma que atende todas as normas de segurança veicular exigidas; pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Mas as imagens do teste de colisão lateral do Latin NCAP jogam contra a montadora.

O elemento-chave que comprovaria o problema do Onix é a imagem das portas traseiras se abrindo após o impacto lateral. A nova Norma Brasileira de Ensaios de Impacto Lateral (ABNT NBR 16204-1) foi publicada em 2013. O problema é que ela só passou a valer em 1º de janeiro de 2018, quando a estrutura já estava reforçada.

“A deficiência desse modelo é tão gritante, que, quando da realização do teste, sua porta traseira se abriu, comprovando-se o alto risco para seus ocupantes, especialmente crianças. Além disso, apuramos também que o modelo comercializado no Brasil não cumpre a regulação de proteção contra impacto lateral básica das Nações Unidas (UN95), sendo que o modelo equivalente da GM vendido na Europa e nos Estados Unidos tem resultados muito melhores de segurança do que o disponibilizado em nosso país. Os testes demonstraram que o Onix brasileiro não seria aprovado pela regulação da ONU, nem pela Norma Federal de Segurança Veicular dos Estados Unidos; ou seja, ele sequer poderia ser vendido naqueles países”, afirma o procurador da República Cléber Eustáquio Neves.

Promotoria diz que GM sabia do problema

No documento divulgado pelo MPF, consta que a Chevrolet vendeu mais de 1,3 milhão de unidades do Onix do seu lançamento, no fim de 2012 até outubro de 2018. Nesse período, teria lucrado, aproximadamente, R$ 8,3 bilhões por ano. Em 2019, a performance se repetiu, com o Onix ocupando, pelo quinto ano consecutivo, o posto de veículo mais vendido no Brasil; foram comercializadas 241.214 unidades, mais que o dobro do segundo colocado”.

Para o promotor de Justiça, Fernando Martins, a montadora sabia da periculosidade que esses automóveis proporcionam aos seus proprietários. Por isso, inclusive, ela fez as alterações para que fosse minimamente resistente a impactos laterais. Martins refere-se justamente aos reforços estruturais que o hatch recebeu após ser reprovado.

Um argumento favorável à montadora é que o Chevrolet Onix foi aprovado pelo Latin NCAP no crash-test de dezembro de 2014. Na ocasião, o hatch conseguiu três estrelas para adultos e apenas duas na proteção de crianças. Os protocolos não incluíam o impacto lateral nem a batida contra o poste, que são exigidos atualmente. O órgão costuma endurecer as provas a cada quatro anos.


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