Assim que me entregou a chave do Tracker LT 1.0, o motorista do jornal Marcelo Araújo teceu um comentário despretensioso: “Não sei, achei que ele é um pouco fraco nas saídas de lombada, sabe?”. A opinião foi tão espontânea quanto precisa. Ao ser informado que a razão estava no motor 1.0 sob o capô (embora turbo), Araújo sacramentou: “Então é isso”. E é mesmo.
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O Tracker 1.0 de três cilindros turbo não decepciona, mas também não empolga tanto assim. O motor responde muito bem a partir de 2.500 rpm, mas abaixo disso ele deixa transparecer sua anemia. Caso o motorista reduza a velocidade para transpor um obstáculo (lombada ou valeta, por exemplo) e saia reacelerando bem de leve, vai sentir que falta um sopro de vitalidade no motor. É o velho turbo lag, aquela falta de força em baixas rotações dos motores turbo mais antigos.
Na versão LT, o SUV da Chevrolet custa R$ 95.890, e nela o motor 1.0 vem acompanhado de câmbio automático de seis marchas. Trata-se do segundo degrau na linha Tracker. A versão básica é a única com câmbio manual (também de seis marchas), e custa R$ 87.490. Depois vem o LT 1.0, como o avaliado pelo Jornal do Carro. Se o cliente concordar em pagar R$ 500 a mais do que o pedido por ele, já pode ir para casa com o 1.2 turbo automático básico, que custa R$ 96.390. É para se pensar.
Tracker 1.0 já é o mais vendido da linha
O 1.0 tem 116 cv de potência e, segundo a ficha técnica, o torque máximo (16,8 mkgf) já está disponível a 2 mil rpm. Mas a prática provou que é preciso elevar um pouco mais o giro para o SUV de 1.228 kg acordar.
A missão do Tracker 1.0, no entanto, não é acelerar nas ruas, mas sim nas vendas. O SUV chegou inicialmente apenas com motor 1.2 (133 cv). Mas, assim que a fábrica elevou a oferta do 1.0, as vendas do modelo deram um salto. Das 6.070 unidades do modelo emplacadas no mês passado (o que fez dele o quinto veículo mais vendido), cerca de 60% tinham motor 1.0, de acordo com a Chevrolet.
O propulsor do Tracker não é antigo, muito pelo contrário, mas reage assim. Com motor 1.2 turbo, o Tracker responde bem a qualquer solicitação, e não manifesta momentos de fraqueza. A única manifestação, na verdade, foi sonora. Como alertamos na primeira avaliação feita com o modelo, em março, o motor fazia muito barulho, uma batida metálica semelhante à de motores a diesel. Pois parece que não se tratava de caso isolado, porque nosso 1.0 também estava um pouco barulhento.
Vencida a letargia inicial, a partir das médias rotações o carro deslancha. E só a partir daí a gente fica com a impressão de que não está em um 1.0. O câmbio faz trocas suaves e está bem escalonado. Como no 1.2, nesse caso também não borboletas para troca de marchas no volante. A única possibilidade de fazer mudanças manuais é por meio do nada prático botão existente na própria alavanca no console.
Ruídos incomodam
Embora estivesse com pouco mais de 600 km rodados, a unidade avaliada pelo Jornal do Carro não estava ruidosa apenas no motor. Sobre piso irregular, havia ainda barulhos vindos dos vidros das janelas (quando parcialmente abertas) e da suspensão – o que não faz sentido em carro novo nenhum, especialmente em um SUV, que teoricamente nasceu para andar por bons e maus caminhos.
Outro fato desabonador é que o Tracker não “sabe escrever”. Explico. Quando o carro para em uma rampa, aparece no display digital do quadro de instrumentos a mensagem “auxiliar de arranque em piso ‘íngrime’ ativado”. Em Portugal, a palavra “íngrime” designa uma espécie de alho que tem só um dente. No Brasil, é íngreme, mesmo, com “e”. Mas, claro, a culpa é do professor, não do Tracker. E o bom é que dá para corrigir. Atenção, Chevrolet!
Itens de série agradam
Entre os pontos positivos, o SUV já nasceu muito bem equipado. No que se refere à segurança, a versão LT 1.0 traz de série itens como seis air bags, controles de tração, estabilidade e rampa, fixação de cadeirinha infantil do tipo Isofix e luzes diurnas de LEDs.
Já no que diz respeito a itens de conforto, há central multimídia com tela de 8″ sensível ao toque, câmera traseira, wi-fi nativo com conexão para até sete dispositivos, chave presencial, botão de partida, sistema start-stop, sensor de obstáculos traseiro, três portas USB (sendo duas para o banco traseiro), controlador e limitador de velocidade, etc. No caso da internet, o plano é pago à parte.
Os bancos de tecido têm padronagem agradável, com uma faixa bicolor. A tela destacada no painel é sensível ao toque e de fácil operação.
Pena que, após “estrear” no Tracker avaliando a versão de topo, Premier, é natural a gente notar as coisas que o LT não tem.
É o caso, por exemplo, da falta de emborrachamento na base de apoio para celular, no console. Na LT, a superfície é dura. Também não há carregamento por indução, sensor de ponto cego, alerta de colisão frontal com frenagem automática, acionamento automático de limpadores e faróis, monitoramento de pressão dos pneus e auxiliar de estacionamento. O ar-condicionado não é automático. Mas pense que a Premier custa praticamente R$ 25 mil a mais (R$ 119.490).
Prós e contras
Prós: Equipamentos
De série, há seis air bags, controles de tração, estabilidade e rampa, luz diurna de LEDs, central multimídia com tela de 8″, câmera traseira, etc.
Contras: Desempenho
Motor 1.0 tem uma certa letargia na faixa de 2.000 rpm, e só acorda de uma vez a partir de 2.500 rpm.
Ficha técnica
Motor: 1.0, 3 cil., 12V, turbo, flexível
Potência (cv)*: 116 a 5.500 rpm
Torque (mkgf)*: 16,8 a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas
Comprimento: 4,27 m
Entre-eixos: 2,57 m
Porta-malas: 393 l
Tanque: 44 l
*Dados com etanol. Fonte: Chevrolet
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Tracker 1.0 acelera nas vendas, não na rua apareceu primeiro em: https://jornaldocarro.estadao.com.br
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