Quando você compra determinado carro, o motor dele foi desenvolvido e fabricado pela mesma marca, certo? Bem, nem sempre. Casos em que duas empresas distintas promovem grandes compartilhamentos mecânicos não são incomuns.
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Os exemplos são tantos que renderam um listão: enumeramos 10 situações em que isso aconteceu. Embora tal tipo de compartilhamento aconteça, por variados motivos, no mundo todo, o texto prioriza os casos que envolvem veículos nacionais.
O foco está em marcas que, aparentemente, nada têm em comum. Por isso, fabricantes que pertencem a um mesmo grupo industrial, como Volkswagen e Audi, Toyota e Lexus, Hyundai e Kia, entre outros, não foram citados. Porém, empresas que mantêm parcerias ou alianças, mas sem domínio de uma sobre a outra, como Renault e Nissan, foram lembradas. Confira!
Carro de uma marca com motor de outra: conheça 10 casos
1. Fiat com motor Chevrolet
No Brasil, um dos dos casos mais famosos de utilização do motor de uma marca por outra envolve Fiat e GM. A partir do ano 2000, as duas fabricantes iniciaram um acordo, que resultou, na Europa, até no compartilhamento de algumas plataformas. Por aqui, essa parceria fez com que o propulsor Chevrolet Família I fosse parar veículos da marca italiana.
O primeiro carro da Fiat com motor GM foi o Stilo, lançado em 2002. No ano seguinte, chegou à linha Palio e ao Doblò. Posteriormente, ele também foi aplicado ao Punto e ao Idea. Apesar de a parceria ter sido desfeita já em 2005, o 1. Família I continuou movendo produtos Fiat nacionais até 2010. Esse propulsor ainda é fabricado e, hoje, equipa o Chevrolet Spin.
2. Ford com motor Volkswagen
Em 1987, foi criada aquela que, então, era a maior associação de fabricantes de veículos do continente: a Auto Latina. Era uma associação entre Volkswagen e Ford, para compartilhar plataformas e motores. Assim, até 1996, quando a união foi desfeita, vários veículos de uma marca receberam mecânica da outra, e vice-versa.
Diversos veículos da Ford foram equipados com propulsores Volkswagen nesse período. Os primeiros foram os das linhas Escort e Del Rey, que em 1989 ganharam o motor AP 1.8. Outras variações da gama AP, com cilindrada menor (1.6) e maior (2.0) também foram utilizadas nos anos seguintes.
3. Volkswagen com motor Ford
Naturalmente, em decorrência da Auto Latina, também foram utilizados motores Ford em carros Volkswagen. Gol, Voyage, Saveiro e Parati foram equipados com a unidade 1.6 conhecida como CHT durante alguns anos.
Talvez a aplicação mais lembrada do motor CHT em um carro da Volkswagen tenha sido na primeira safra do Gol 1.000. O hatch de primeira geração ganhou uma versão com cilindrada reduzida para 1.0, também utilizada pelo Escort Hobby. O mais curioso é que, originalmente, esse propulsor não foi criado pela Ford e sim pela Renault, como explicado a seguir.
4. Ford com motor Renault
Algumas pessoas podem ficar surpresas, mas um dos motores mais utilizados pela Ford no Brasil tem origem Renault. Na verdade, tudo começou em 1967 quando a empresa adquiriu a extinta Willys-Overland, que, por sua vez, fabricava sob licença projetos da marca francesa no Brasil.
A Willys Overland estava desenvolvendo um produto próprio com base no Renault R12: a carroceria era distinta, mas mecânica e plataforma eram as mesmas. O projeto estava em fase final e acabou sendo mantido pela Ford, que o lançou em 1968. Nascia então o Corcel, equipado com uma unidade 1.3 de origem francesa.
O motor Renault teve a cilindrada ampliada pela Ford ao longo dos anos seguintes para 1.4 e, por fim, chegou a 1.6. Em 1983, teve câmaras de combustão e dutos de admissão aprimorados, passando a se chamar CHT (sigla de Compound High Turbulence), nome pelo qual é mais lembrado. Na linha Ford, equipou Corcel, Belina, Del Rey, Pampa, Escort e Verona.
5. Renault com motor Nissan
Integrantes de uma aliança global que, em 2016, passou a incluir também a Mitsubishi, Renault e Nissan compartilham os mais variados tipos de tecnologias. Motores, claro, também estão no acordo: atualmente, a maioria dos automóveis que a marca francesa comercializa no Brasil têm mecânica proveniente da parceira japonesa.
A unidade 1.6 de quatro cilindros e 16 válvulas que a Renault batizou de SCe é, na verdade, a mesma unidade que, na linha Nissan, é conhecida pelo código HR16. Ele equipa, de um lado, Sandero, Logan, Captur, Duster e Oroch, e do outro, Kicks, Versa e March. O extinto Fluence, que era argentino, também utilizou um 2.0 similar ao do Sentra.
6. Nissan com motor Renault
Não surpreende que o caminho contrário também tenha sido trilhado pelas integrantes da aliança: no passado, também já existiram veículos Nissan com mecânica Renault. Um deles foi o March, que entre 2011 e 2015 utilizou um 1.0 de quatro cilindros e 16V originário da marca francesa.
Porém, o primeiro carro da Nissan a utilizar motor Renault no Brasil foi o Livina. O monovolume tinha duas opções de motorização: um 1.8 16V, que era de outra gama, própria do fabricante, e um 1.6 16V, esse sim “emprestado” da parceira. Vale destacar que essa unidade nada tem a ver com o 1.6 16V utilizado pelas duas empresas atualmente.
7. Peugeot com motor Renault
O ano era 2001: a Peugeot lançava a linha 206 no Brasil. Na época, quase 70% dos automóveis vendidos no país tinham propulsor 1.0, de modo que era impensável oferecer um hatch compacto sem essa opção. O caso é que não havia uma unidade com essa cilindrada disponível de imediato: no exterior, o menor motor adotado pelo modelo era 1.1.
Recém-instalada no país e sem tempo de nacionalizar e reduzir a cilindrada do motor 1.1 para seu carro compacto, a Peugeot acabou recorrendo à Renault, que aceitou vender o próprio powertrain 1.0 16V para a concorrente. O contrato de fornecimento foi mantido até 2004.
8. Peugeot e Citroën com motor BMW
Esse não é exatamente o caso de dizer que um fabricante utilizou o motor do outro. É que, na verdade, os grupos BMW e PSA desenvolveram essa linha de propulsores de maneira conjunta. Tal unidade foi batizada de Prince teve, em âmbito global, variações 1.4 e 1.6: a de maior capacidade, por sua vez, foi produzida com aspiração natural e com turboalimentação.
Os motores da linha Prince já foram utilizados em produtos das marcas Mini e BMW. Porém, atualmente, ele é mantido em veículos da francesa PSA. Entre os veículos já equipados com ele hoje, estão Peugeot 2008, 3008 e 5008 e Citroën C4 Cactus e C4 Lounge.
9. Fiat-Chrysler com motor BMW
Quando se associou ao grupo PSA para desenvolver os motores Prince, a BMW pretendia criar um sucessor para a linha Tritec. Esta, por sua vez, era resultado de um acordo com a Chrysler e com a Rover: as três investiram juntas no projeto. O caso é que, em 2008, tudo foi parar nas mãos de uma empresa que, inicialmente, nada tinha a ver com essa história: a Fiat.
Àquela altura, a Rover já havia sido completamente incorporada pela BMW, mas desavenças com a Chrysler puseram fim à joint venture. Em 2007, tanto os projetos quanto a fábrica foram colocados à venda. Por sua vez, a Fiat havia rompido a parceria com a GM e precisava de motores de média cilindrada: tudo veio a calhar.
A Fiat adquiriu a fábrica e os projetos dos propulsores 1.4, 1.6 e 1.8 da Tritec: o terceiro ainda estava em fase final de desenvolvimento. Rebatizado de E.torQ, ele existe hoje justamente na versão de maior cilindrada, sob o capô de Argo, Cronos, Toro e Doblò. Com o advento da FCA, por coincidência, esse motor retornou a um carro Chrysler: o Jeep Renegade.
10. Fiat com motor Chrysler-Mitsubishi-Hyundai
Eis outro caso de fabricantes distintas que se uniram para desenvolver uma linha de motores. Então, não é exatamente o caso de dizer que Chrysler, Mitsubishi e Hyundai utilizam propulsores umas das outras, e sim que as três têm praticamente o mesmo conjunto. A unidade tem quatro cilindros, 16 válvulas e cilindradas que variam de 1.8 até 2.4.
No início dos anos 2000, formou-se a chamada Aliança Global de Motores. A ideia era conceber e fabricar os propulsores de maneira conjunta, mas cada empresa poderia fazer adequações no projeto básico. A Chrysler chamou seu produto de Tigershark; a Mitsubishi, de 4B1; e a Hyundai, de Theta.
Atualmente, cada fabricante produz os propulsores distintamente, mas com base no mesmo projeto. Unidades 2.0 dessa família equipam, hoje, Jeep Compass e Mitsubishi ASX e Outlander Sport. Já a Hyundai utiliza uma versão turboalimentada no Tucson. Quem entrou por acaso foi a Fiat, após a união com a Chrysler: uma variante 2.4 da linha chegou a equipar a picape Toro.
Fotos: Divulgação
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