Quando o assunto diz respeito a carros franceses, a polêmica é certa! Enquanto alguns amam esses modelos e os julgam injustiçados no Brasil, outros amam odiá-los, rejeitando-os incondicionalmente. Só mesmo futebol e política parecem ser capazes de acirrar tantas opiniões.
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Longe de querer apontar certos ou errados nessa história, o AutoPapo enumerou 7 feitos históricos envolvendo carros franceses. Se você gosta dos veículos originários do país, poderá ter novos fundamentos para defendê-los; se não, a leitura poderá servir como motivação para formular outros argumentos para atacá-los. Seja como for, confira o listão!
1. Primeiro automóvel a rodar no Brasil era francês
Embora PSA e Renault tenham erguido plantas industriais no Brasil há relativamente pouco tempo, no fim da década de 1990, os carros franceses têm capítulos anteriores por aqui. Inclusive, o primeiro automóvel a circular em solo nacional foi um Peugeot Type 3, em 1891.
O Type 3 teria sido comprado diretamente em Paris por Alberto Santos Dumont (sim, o inventor do avião), durante uma viagem, e foi trazido como presente ao irmão, Henrique. O veículo causava espanto ao circular pelas ruas de São Paulo ainda no século XIX.
Boris Feldman já dirigiu, com e Roberto Nasser, um Peugeot 1901 na corrida London to Brighton: assista ao vídeo!
Posteriormente, outra marca francesa, a extinta Simca, escreveu outro capítulo importante na história do automóvel no país. A empresa foi uma das pioneiras na nacionalização de veículos: em 1959, inaugurou uma fábrica em São Bernardo do Campo (SP) e, no ano seguinte, já fundia localmente os próprios blocos de motores. As operações foram compradas pela Chrysler em 1966.
2. Muitos brasileiros já tiveram carros com mecânica francesa e nem sabem
Está lembrado dos motores de quatro cilindros que estrearam no Ford Corcel em 1968? Ao longo do tempo, o projeto sofreu aperfeiçoamentos e teve a cilindrada aumentada. Entre as denominações, a mais lembrada é a sigla CHT, adotada nos anos 80. Durante quase três décadas, essa mecânica foi largamente produzida no país.
Pois o caso é que, originalmente, esse propulsor não foi projetado pela Ford, e sim pela Renault! Como, então, ele foi parar em carros de uma marca estadunidense? É que o Corcel foi inicialmente concebido pela Willys Overland do Brasil, que, por sua vez, mantinha um acordo comercial com a marca francesa: modelos como Gordini e Interlagos, na verdade, tinham origem europeia.
No caso do Corcel, a empresa optou por criar um projeto próprio, mas com mecânica a plataforma originários do Renault 12. O desenvolvimento já estava em fase final quando as operações brasileiras da Willys foram adquiridas pela Ford, em 1967. A multinacional lançou o veículo e, de quebra, seguiu utilizando os motores em vários produtos subsequentes.
O Corcel foi um sucesso de vendas, teve uma segunda geração e originou uma linha de derivados, composta por Belina, Del Rey e Pampa. Todos, porém, mantiveram-se fiéis à plataforma e a determinadas soluções mecânicas de origem Renault. O motor CHT equipou ainda Escort, Verona e até alguns produtos Volkswagen, na época da associação com a Ford que originou a Autolatina.
Já obsoletos quando saíram de linha, os motores CHT construíram uma reputação sólida no mercado. Milhares de pessoas dirigiram carros equipados com esses propulsores por anos sem saber que, na verdade, eles são inventos tão franceses quanto os perfumes Chanel.
3. Francês construiu primeiro automóvel dois anos antes de Karl Benz
A criação do automóvel é geralmente atribuída a Karl Benz, em 1886, mas outros inventores já haviam criado veículos capazes de se locomover queimando combustível alguns anos antes. Um deles foi o judeu alemão Siegfried Marcus, que acabou tendo o nome apagado das enciclopédias em 1940, por ordem do regime nazista. O outro é o francês Édouard Delamare-Deboutteville.
Em 1883, Deboutteville criou o próprio automóvel. Ele patenteou o projeto em 1894, dois anos antes de Benz registrar o famoso triciclo Patent-Motorwagen. O modelo francês tinha quatro rodas, um banco e motor de quatro tempos com dois cilindros. Não chegou a ser produzido em série, mas era usado regularmente pelo inventor.
Vale lembrar outro francês, Nicolas-Joseph Cugnot, que construiu um veículo motorizado ainda mais cedo, em 1771. Porém, nesse caso, a invenção era movida a vapor e destinada ao uso agrícola: então, é normalmente comparada a locomotivas ou tratores.
4. Franceses têm uma das indústrias de carros mais antigas do mundo
Apesar de Deboutteville e Cugnot não terem deixado fábricas de veículos como legado, a indústria automobilística francesa é uma das mais antigas do mundo. As três grandes marcas do país estão entre as pioneiras do setor e têm mais de 100 anos.
a Peugeot é a mais antiga: foi criada em 1810 para manufaturar bicicletas e moinhos e, em 1896, começou a produzir veículos. A Renault foi fundada pouco depois, 1899. A Citroën, é a mais recente: datada de 1919, comemorou o centenário no ano passado. A primeira passou a controlar a terceira em 1976, dando origem ao Grupo PSA.
Portanto, quando alguém disser que os franceses só têm tradição em fabricar queijos e vinhos, lembre-se que eles têm vasta experiência também com carros.
5. Carros franceses desempenharam ação importante na Primeira Guerra Mundial
O ano era 1914: as tropas alemãs haviam invadido a França e avançavam rumo a Paris. As forças do país precisavam reagir, mas era difícil deslocar grandes contingentes com rapidez na época, ainda mais durante um conflito armado. A solução encontrada pelo comando militar foi tão simples quanto genial: chamar táxis!
Cerca de 1.100 veículos de praça parisienses foram requisitados para conduzir 5.000 homens que integravam a 7ª Divisão de Infantaria francesa. Os táxis, a maioria do modelo Renault Type AG, transportaram o efetivo durante a noite de 6 de setembro, em comboios, até a frente de batalha em Seine-et-Marne.
Assim, o Renault Type AG, o preferido pelos taxistas franceses da época, entrou para a história por ter sido empreendido para repelir as forças alemãs: alguns dos carros que participaram do episódio estão preservados em museus e em coleções particulares.
6. Carros esportivos franceses têm trajetória de sucesso em corridas
As três marcas francesas da atualidade têm no portfólio títulos em importantes categorias de automobilismo. A Renault é bicampeã de Fórmula 1 (2005 e 2006) com uma escuderia própria.
Porém, a empresa atua em longa data como fornecedora de motores: houve parcerias famosas com equipes Williams e Benetton, que, juntas, ganharam seis títulos de construtores entre 1992 e 1997. Mais recentemente, de 2010 a 2013, foi a vez da Red Bull vencer quatro campeonatos com a mecânica Renault.
A Peugeot também chegou a fornecer para a Fórmula 1, entre os anos de 1994 e 2000, mas não conquistou campeonatos. Por outro lado, a empresa tem três vitórias na tradicional corrida das 24 Horas de Le Mans, em 1992, 1993 e 2009. A Renault também venceu a prova de longa duração francesa uma vez, em 1978.
Já a Citroën tem no currículo vitórias em diferentes categorias de rali. A marca conquistou oito vezes o título de construtores do World Rally Championship entre 2003 e 2012. A Peugeot tem cinco títulos semelhantes, e a Renault, um.
Carros dos três fabricantes franceses também conquistaram vitórias no Rali Paris-Dakar. A Peugeot venceu a prova sete vezes, a Citroën, quatro, e a Renault, uma. Por fim, vale lembrar também a atuação da marca do leão na quebra do recorde da subida de montanha em Pikes Peak, EUA, em 1988. O feito resultou no curta metragem Climb Dance, do diretor Jean Louis Mourey.
Assista ao filme, que mostra a piloto Ari Vatanen subindo Pikes Peak a toda com um Peugeot 405 Turbo:
Outra que merece menção é a Bugatti. Embora pertença ao grupo alemão Volkswagen desde 1999, a marca é francesa, sediada em Molsheim. Quando ainda era autônoma, fabricou aquele que é considerado o maior carro de corridas de todos os tempos: o Type 35. Entre 1925 e 1931, o modelo venceu mais de 1.000 provas.
7. Franceses já ganharam 16 vezes o prêmio de Carro Europeu do Ano
No último mês de março, o Peugeot 208 foi eleito o Carro Europeu do Ano e muitos leitores do AutoPapo mostraram-se surpresos com esse resultado. Afinal, o prêmio é o mais importantes da imprensa especializada mundial: o vencedor é eleito por um júri de 65 jornalistas de 23 países.
Porém, ao longo da história, franceses já foram eleitos carros europeus do ano nada menos que 16 vezes! Além de Renault, Peugeot e Citroën, a Simca também já foi agraciada com o prêmio: essa última marca, porém, está fora do mercado desde 1990. Confira todos os vencedores na tabela abaixo:
Premiados | Ano |
---|---|
Renault 16 | 1966 |
Peugeot 504 | 1969 |
Citroën GS | 1971 |
Citroën CX | 1975 |
Simca 1307 | 1976 |
Simca Horizon | 1979 |
Renault 9 | 1982 |
Peugeot 405 | 1988 |
Citroën XM | 1990 |
Renault Clio (1ª Geração) | 1991 |
Renault Scénic | 1997 |
Renault Megáne | 2003 |
Renault Clio (3ª Geração) | 2006 |
Peugeot 308 | 2014 |
Peugeot 3008 | 2017 |
Peugeot 208 | 2020 |
Outro prêmio relevante conquistado franceses foi o de Melhor Hot Hatch já produzido. A eleição foi realizada em 2016 pelas publicações inglesas Autocar e Pistonheads: leitores de ambas puderam votar. O vencedor foi o Peugeot 205 GTI, fabricado na Europa entre 1984 e 1994. O modelo superou concorrentes de peso, entre os quais Volkswagen Golf GTI, Lancia Delta HF Integrale e Ford Escort RS Cosworth.
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